Conforme já ressaltado pelo Ministério da Saúde, o Espírito Santo não
é considerado área de risco para febre amarela, portanto, continua sem
recomendação de vacinação contra essa doença e não há motivo para
pânico, pois tecnicamente não existe indício que motive o início de
vacinação para toda a população. Essa foi a principal mensagem
transmitida pelo secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, em
entrevista coletiva realizada na tarde desta terça-feira (17) na sede
administrativa da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) na Enseada do
Suá, em Vitória.
O médico infectologista Lauro Ferreira esteve na coletiva junto com o
secretário e com representantes da equipe técnica da Secretaria de
Estado da Saúde, entre eles o coordenador do Centro de Emergências em
Saúde Pública da Sesa, Gilton Almada, e a coordenadora do Programa
Estadual de Imunizações, Danielle Grillo. O infectologista alertou que a
vacina não deve ser administrada de forma indiscriminada.
“Esta não é uma vacina inofensiva, ela tem contraindicações. Vacinar
inadvertidamente pode trazer risco para algumas pessoas, além de afetar o
fluxo da vacina para quem precisa. O Ministério da Saúde já enfrentou
situações como esta anteriormente porque isto é cíclico no Brasil. Basta
ler notícias de anos anteriores que vão encontrar relatos de casos em
alguns estados. E a ação é esta: fazer bloqueio na região onde tem caso
confirmado, que é o que a Secretaria de Estado da Saúde está fazendo”,
detalhou o médico.
O secretário Ricardo de Oliveira destacou que não há casos
confirmados de humanos ou de macacos infectados pela febre amarela no
estado, e que não há registro da doença no Espírito Santo há pelo menos
50 anos. Atualmente, o Brasil tem registros apenas de febre amarela
silvestre. Os últimos casos de febre amarela urbana (transmitida pelo
Aedes aegypti) foram registrados em 1942, no Acre. “Todas as nossas
ações visam proteger a população capixaba. Estou apelando para o bom
senso das pessoas. Sempre procurou os postos de vacinação quem precisava
viajar para áreas de risco, e a orientação continua sendo esta”, frisou
o secretário.
Oliveira lembrou, ainda, que os macacos não são os transmissores da
doença. A febre amarela é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o
mesmo que transmite dengue, zika e chikungunya. Ele disse que a
população pode e deve continuar contribuindo com as ações de combate ao
mosquito. “Os macacos não são os vilões. Na verdade, eles são um
indicador de que algo está errado e servem de alerta para que possamos
monitorar a situação epidemiológica”, comentou.
O infectologista Lauro Ferreira complementou salientando que os
macacos passíveis de infecção por febre amarela vivem em áreas
silvestres, não nas cidades.
VACINAÇÃO CAUTELAR
Como medida preventiva, o Estado e o Ministério da Saúde decidiram
vacinar os moradores dos municípios que fazem divisa com Minas Gerais,
onde estão sendo investigados casos da doença, e também pelo fato de a
região ser formada por uma mata contínua, sem barreiras com o estado.
Os municípios que irão vacinar a população como medida cautelar são:
Água Doce do Norte, Alto Rio Novo, Baixo Guandu, Barra de São Francisco,
Brejetuba, Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto, Guaçuí, Ibatiba,
Ibitirama, Irupi, Iúna, Laranja da Terra, Mantenópolis, Montanha,
Mucurici, Pancas, Afonso Cláudio, Ecoporanga, Colatina, Itaguaçu,
Governador Lindenberg, Conceição do Castelo, Venda Nova do Imigrante,
São Roque do Canaã e São Gabriel da Palha.
“Não pensem que vacinando esses municípios, que ficam no interior, os
demais vão ficar desprotegidos, pois esta estratégia de vacinação que
será implementada visa a proteção de todos. Não precisamos vacinar todo
mundo, de Leste a Oeste e de Norte a Sul do estado. Vamos fazer uma
vacinação de bloqueio”, argumentou o secretário de Estado da Saúde,
acrescentando que quem vai se deslocar para um desses 26 municípios não
precisa tomar a vacina porque o Programa Nacional de Imunizações não
caracteriza o Espírito Santo como área de risco. Somente quem mora na
região será vacinado preventivamente.
Para esta vacinação cautelar, o Ministério da Saúde irá encaminhar ao
Espírito Santo 350 mil doses da vacina contra febre amarela, que devem
chegar nesta quarta-feira (18). A vacinação imediata contra febre
amarela deve ser, preferencialmente, para pessoas que vivem em áreas
rurais dos municípios e para quem nunca se imunizou contra a doença.
Para o restante do estado, a recomendação de vacinação continua a
mesma: apenas pessoas que vão viajar para regiões silvestres, rurais ou
de mata localizadas em áreas de risco para febre amarela devem se
imunizar. As vacinas para atender a este público – 150 mil doses
solicitadas ao Ministério da Saúde – devem chegar ao estado ainda nesta
semana.
No Brasil, quase todos os estados têm regiões com recomendação de
vacinação. Além do Espírito Santo, os estados que não têm recomendação
para vacina são Rio de Janeiro, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
CASOS SUSPEITOS
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informa que recebeu a
notificação de quatro casos suspeitos com quadro indicativo de febre
amarela, febre maculosa, dengue e outras doenças com sintomas
semelhantes. Os casos estão sendo investigados. Até o momento, não há
confirmação da doença no Espírito Santo, nem em animais nem em humanos.
VACINAÇÃO
A vacinação contra febre amarela segue critérios recomendados pelo
Programa Nacional de Imunizações. O Ministério da Saúde alerta que, nos
casos de pacientes com imunodeficiência, a administração da vacina deve
ser condicionada à avaliação médica de risco-benefício. Pessoas com
histórico de reação alérgica a substâncias presentes na vacina (ovo de
galinha e seus derivados, gelatina e outros produtos com proteína
bovina), além de pacientes com histórico anterior de doenças do timo
(miastenia gravis, timoma, ausência de timo ou remoção cirúrgica) também
devem buscar orientação profissional.
O Ministério da Saúde passou a recomendar a aplicação de duas doses
da vacina contra febre amarela, válidas para a vida toda. O viajante
deve buscar uma unidade municipal de saúde caso ainda não tenha tomado a
primeira dose da vacina ou a dose de reforço. Se for a primeira vez que
a pessoa é vacinada, a dose deve ser aplicada pelo menos dez dias antes
da viagem para que o organismo produza anticorpo contra a doença.
Quanto aos viajantes internacionais, alguns países exigem a
apresentação do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia
(CIVP), que é obtido mediante apresentação do Cartão Nacional de
Vacinação – comprovante válido em todo o território brasileiro – em um
Centro de Orientação do Viajante da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). No Espírito Santo, o Centro de Orientação do
Viajante funciona no aeroporto de Vitória.
Orientação para vacinação contra febre amarela para residentes em área com recomendação da vacina ou viajantes para essa área
CONTRAINDICAÇÕES
- Crianças menores de 6 meses de idade;
- Pacientes com imunodepressão de qualquer natureza;
- Pacientes infectados pelo HIV com imunossupressão grave;
- Pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteroides, quimioterapia,radioterapia, imunomoduladores);
- Pacientes submetidos a transplante de órgãos;
- Pacientes com imunodeficiência primária;
- Pacientes com neoplasia;
- Indivíduos com história de reação anafilática relacionada a
substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados,
gelatina bovina ou outras);
- Pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia
gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica);
- A administração deve ser analisada caso a caso na vigência de surtos.
AÇÕES
A Secretaria de Estado da Saúde está monitorando a situação
epidemiológica do estado. Entre outras ações, está a criação do gabinete
de monitoramento; reunião com especialistas; reunião com os prefeitos e
secretários municipais de saúde dos municípios onde haverá vacinação
cautelar; reunião com área técnica da Imunização dos municípios;
elaboração do Protocolo de Manejo Clínico; além de capacitações sobre
manejo clínico da doença e sobre protocolos de indicação para vacinação.
FEBRE AMARELA
Uma pessoa com febre amarela apresenta, nos primeiros dias, sintomas
parecidos com os de uma gripe. Entretanto, esta é uma doença grave, que
pode complicar e levar à morte. Os sintomas mais comuns são febre alta e
calafrios, mal-estar, vômito, dores no corpo, pele e olhos amarelados,
sangramentos, fezes cor de “borra de café” e diminuição da urina.
A febre amarela silvestre é transmitida pela picada de mosquitos
Haemagogus e Sabethes, que vivem em matas e vegetações à beira dos rios.
Quando o mosquito pica um macaco doente, torna-se capaz de transmitir o
vírus a outros macacos e ao homem. A forma silvestre da doença é
endêmica nas regiões tropicais da África e das Américas.
Nas cidades, a doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o
mesmo vetor da dengue, zika e chikungunya. Pessoas que fazem ecoturismo
ou que entram em matas por algum outro motivo correm o risco de serem
picadas pelo mosquito Haemagogus infectado e contrair a doença. De volta
à área urbana, essas pessoas podem ser picadas pelo Aedes aegypti,
podendo dar início à reurbanização da doença. O último caso de febre
amarela urbana no Brasil ocorreu no Acre em 1942.
Uma vez que a febre amarela no meio urbano é transmitida pelo
mosquito Aedes aegypti, eliminar depósitos que possam acumular água é
uma das medidas de prevenção. Por isso, é importante que a população
eleja um dia fixo da semana para combater o mosquito em casa, e, assim,
impedir a proliferação do vetor eliminando seus criadouros.
FOTO: FRED LOUREIRO/SECOM-ES
Secretário de Estado da Saúde, Ricardo Oliveira, concedeu entrevista coletiva à imprensa |
As informações são da assessoria da Sesa-ES
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