quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

PRODUTORES RURAIS DE PANCAS REIVINDICAM QUE IRRIGAÇÃO SEJA LIBERADA NO MUNICÍPIO



VIRGÍLIO BRAGA
JORNALISTA: 0003539/ES


Os produtores rurais de todo o município de Pancas estão em articulação para que o governo do Estado, através da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), volte a liberar o uso de irrigação, na qual é de grande importância para seus produtos agrícolas que necessitam de água, obviamente. Devido interesses do município de Colatina, diante da tragédia da barragem da Samarco, que trouxe lama com rejeitos para o rio Doce, à Agerh emitiu à Resolução 015/2015, na qual fica proibido, ao menos até o próximo dia 16 de dezembro, qualquer tipo de irrigação na Bacia do Rio Pancas. A multa é altíssima para que descumprir. Essa resolução condena todos os produtores desta região a uma grande queda de produtividade das lavouras que podem ultrapassar 50%. Na semana passada, no plenário da Câmara de Vereadores, agricultores, o prefeito do município, Agmair Araújo, o Guima (PRP), diversos vereadores, entre eles, Geraldo Raasch (PSB), que foi quem comandou a reunião, juntamente com o presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e chefe do escritório do Incaper de Pancas, Marcos Stuhr, procuraram achar medidas para derrubar a tal resolução que veta o uso de irrigação. A coisa não será fácil. Colatina dispõe de muita força política, já que o município vizinho a Pancas possui deputados, e políticos dentro do governo do Estado, além de que o governador Paulo Hartung (PMDB) sempre favorece municípios maiores, inclusive em visitas. Até a presidente Dilma Rousseff (PT) esteve em Colatina, recentemente, obviamente, graças a grande tragédia causada pela lama tóxica que ainda assola os municípios na qual o rio Doce percorre. Segundo Marcos Stuhr, 59% da população de Pancas é da zona rural, onde a cafeicultura irrigada representa a principal geração de renda na cadeia agropecuária municipal chegando a ocupar quase 13% do território municipal. “Caso ocorra uma redução de 50% na produção cafeeira do nosso município, Pancas amargará uma redução de mais de R$ 40 milhões na economia local, vindo a agravar seriamente a crise financeira em nosso município”, explicou preocupado, Marcos Stuhr, chefe do Incaper do município. Ainda de acordo com Stuhr, tal medida não ajuda em nada o abastecimento de água para Colatina. “Essa resolução de disponibilizar a água do rio Pancas para o abastecimento humano em Colatina, seria compreensível, mas, cabe apontar que não houve captação de água no rio Pancas em momento algum, bem como o prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski (PT), já manifestou publicamente que a captação do rio Doce retornou em condições de normalidade e, ainda, o rio Pancas não possui capacidade de abastecer Colatina, sendo insignificante para à dimensão da população daquele centro urbano. Como presidente do conselho municipal e chefe do escritório do Incaper de Pancas, em conjunto com os presidentes do Sindicato dos Produtores Rurais de Pancas; do Sindicato dos Trabalhadores Rurais; do presidente da Câmara de Vereadores, Valdeci Basto, o Nenego (PSL), do prefeito, dos presidentes do CDL e da APOP, emitimos um requerimento solicitando a urgente e imediata revogação da resolução 015/2015 da Agerh, até que sejam realizados estudos que comprovem que tal medida é a melhor solução, dimensionamento dos impactos sociais e financeiros desta medida na economia de Pancas e convocação da empresa responsável por tal problema da Samarco, para negociar juntamente com o Estado e os municípios a mitigação destes impactos, de modo a preservar os mais de dez mil habitantes de Pancas que seriam atingidos diretamente por tal decisão e indiretamente, todos do município panquense. Já o vereador Geraldo Raasch, enviou um ofício para o prefeito Guima, cobrando-o que determine que à Procuradoria do município, efetue estudos para possível adoção de medias contra à resolução 015/2015 da Agerh. “O prejuízo está sendo enorme para a agricultura em Pancas”, ressaltou o vereador Geraldo Raasch.
 FOTO: VIRGÍLIO BRAGA
Vereador de Pancas, Geraldo Raasch (PSB), que também é produtor rural, comandou reunião na Câmara Municipal
COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA SERÁ IMPLANTADA NO ESTADO EM 2016

As discussões em torno da cobrança pelo uso de recursos hídricos avançaram muito no decorrer deste ano no Espírito Santo. Tanto que a medida, que visa incentivar o uso racional da água, deve ser implementada, no primeiro semestre de 2016, nos municípios de Afonso Cláudio, Baixo Guandu, Brejetuba e Laranja da Terra.
 
O Comitê de Bacia Hidrográfica Guandu, que abrange os municípios, será o primeiro a implantar a cobrança no Estado, pois vem se preparando desde 2010. Em reunião com a imprensa, o secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rodrigo Júdice, falou sobre a importância da cobrança para a preservação dos recursos hídricos e apoiou a iniciativa dos comitês de bacias.
 
“É importante ressaltar que a cobrança não será feita pelo Governo do Estado. É uma demanda da sociedade através dos comitês de bacias, com apoio técnico do Estado. Por meio da cobrança será possível implementar uma série de ações de recuperação dos rios, como o programa Reflorestar, por exemplo”, disse o secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rodrigo Júdice.
 
Estarão sujeitos à cobrança usuários que captam mais de 1,5 litros de água por segundo como, por exemplo, companhias de saneamento, indústrias e produtores rurais. A cobrança é uma forma de administrar a utilização da água e também gerar recursos que permitam investimentos na preservação dos próprios rios e bacias. Os recursos arrecadados serão totalmente aplicados em ações de recuperação das bacias, segundo decisão de cada comitê.
 
“O valor da cobrança será diferente em cada bacia hidrográfica. Vai depender da quantidade de água captada do rio, entre outros fatores. No caso da agricultura, por exemplo, também dependerá da cultura de plantio. Mas o mais importante são os benefícios provenientes da cobrança para a conservação dos recursos hídricos. Não se trata de imposto, nem taxa, mas sim de um preço público e visa incentivar os usuários a utilizarem a água de forma mais racional, garantindo, dessa maneira, o seu uso múltiplo para as atuais e futuras gerações”, disse o presidente da Agerh, Paulo Paim.
 
Na Bacia Hidrográfica do Rio Doce, a cobrança pelo uso da água, em âmbito federal, foi instituída em novembro de 2011. para o estado de Minas Gerais foi implementada a partir de 2012. 
 
 “O Comitê Guandu recebe recursos federais da cobrança na calha do Rio Doce, por isso podemos dizer que temos experiência na aplicação deste tipo de verba. No Guandu, investimos em projetos de irrigação com tecnologia que permite um melhor aproveitamento da água. É um recurso fundamental para a gestão das bacias hidrográficas”, disse a presidente do Comitê Guandu, Ana Paula Bissoli.
 
A cobrança está prevista na Lei 9.433/97, que deu origem à Política Nacional de Recursos Hídricos, e tem o objetivo de incentivar o uso racional e gerar recursos financeiros para investimentos na recuperação e preservação dos mananciais. Trata-se de um preço público unitário, fixado a partir de um pacto entre usuários, sociedade civil e poder público.
 
A cobrança é uma prática comum em vários países do mundo como França, Alemanha e Holanda, e é aplicada no Brasil em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
 
COBRANÇA NA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA
 
Na última terça-feira (08), representantes dos comitês das bacias do Jucu, Santa Maria da Vitória e Benevente, que abastecem os municípios da Grande Vitória, se reuniram no Polo de Educação Ambiental do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, para discutir o início da cobrança na região.
 
“É um passo muito importante que vai gerar benefícios imensuráveis para a preservação e conservação dos recursos hídricos estaduais”, disse o presidente do Fórum Capixaba de Comitês de Bacias Hidrográficas, Élio de Castro.
 
Durante a reunião foram definidas as datas de início das discussões nos comitês de bacias. Segue o cronograma das reuniões das câmaras técnicas dos comitês:
 
CBH Jucu: 11/01/2016 (Viana)
CBH Santa Maria da Vitória: 18/01/2015 (Vitória)
CBH Benevente: 19/01/2015 (Anchieta)


As informações são da assessoria de imprensa da Agerh

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