ADRIANO CIPRESTE
VIRGÍLIO BRAGA
O
jornal O Mestre publica a primeira
de história de vida de um cidadão de Pancas. A parceria é com o professor,
contador e autor de livros Adriano
Cipreste, que sempre terá total espaço no site do jornal para publicar
histórias de vidas de vários panquenses. A primeira é de Darciano Tiago
Mendonça.
Darciano
Tiago Mendonça, nascido em 23 de outubro de 1989 na cidade de Pancas – ES onde
mora até hoje. Foi motorista da empresa de asfalto Tamasa engenharia S/A, e
jogador amador de futebol pelo clube Associação Atlética União de Pancas. É um
rapaz extrovertido de muitos amigos na cidade, namorado da professora Angélica
Cristina Lauvers.
No
dia 31 de janeiro de 2015, que era um sábado, e ele trabalhou até as 15 horas e
após foi convidado para ir ao Clube da cidade e se divertir com amigos. As 17
horas resolveu ir para a casa pois disputaria uma partida de futebol logo em
seguida no quadra de esportes. Ocorreu que desistiu da partida de futebol e foi
ao bar do Zé Abelar e tomou cervejas com amigos, após decidiu pegar seu carro
que estava com a namorada para ir a uma festa na zona rural do município
chamado Córrego do Icaraí.
Darciano
relata que ao chegar na casa da namorada, desistiu de ir a festa e pegou uma
carona para voltar ao bar onde estava, porém no meio do caminho resolveu
voltar, pegar o carro e ir para festa. Então voltou a casa da namorada e pegou
o veículo por volta das 18h30. Chegando nas proximidades da Fazenda Bela Vista,
percebeu que o carro estava na reserva, então diminuiu a velocidade e cogitou
retornar, mas em seguida achou que a gasolina daria para ele chegar ao seu
destino e então continuou. Aproximadamente quatro quilômetros depois, numa
curva, Darciano vencido pelo cansaço cochilou e seu carro perdeu o controle e
capotou por uma ribanceira de 40 metros. Desmaiou na hora e não soube dizer
quanto tempo ficou inconsciente com exatidão, mas acredita que foi por quase
duas horas. Quando acordou se desesperou pensando que estava dentro do carro
capotado no meio do asfalto. Chegou acreditar que havia mais alguém com ele,
pois o veículo se apoiou sobre seu cotovelo esquerdo e sua mão tocava o seu
próprio rosto. Ele acreditou que havia matado alguém e gritava desesperado.
Então percebeu que a mão gelada que tocava seu rosto, era sua própria mão. Ele
tentou se levantar, puxando o braço preso, mas por mais que tentasse, não
conseguia se libertar. Então se desesperou ainda mais, passou a acionar
lanterna, buzina e aumentou o volume do som na esperança de que alguém ouvisse
ou visse a luz do farol. Gritou por socorro por toda noite sem dormir nem um
minuto.
Ele
temia que o carro pegasse fogo e ele morresse carbonizado o que aumentou seu
desespero. Foi fuzilado por pensamentos de morte enquanto formigas caminhavam
sobre seu corpo atraídas pelo sangue. Ele podia ouvir barulhos de veículos a
distância, mas perdia as esperanças pois ninguém o ouvia. Então se deu conta de
que não estava tão próximo do asfalto como imaginava. Tentou cavar por baixo do
braço com a chave do carro na tentativa de se soltar por horas e mais horas.
Darciano foi tomado por uma ira crescente e quebrou o para-brisa pegando um
caco de vidro para tentar cortar o braço fora. Ele acredita que Deus falou em
seu ouvido para parar o corte, que já havia começado. Acredita também ter
ouvido que não era para fazer aquilo pois ele estava guardado. Foi o momento
que teve calma e recorreu a Deus em oração pedindo misericórdia por sua vida.
Darciano relata que a partir do momento que ouviu uma suave voz falando com
ele, se acalmou e teve fé de que iria ser resgatado. Se preocupou com sua
família e como eles estavam naquelas horas.
Por
volta de 8 horas do dia seguinte, um cansaço o venceu e ele adormeceu por cerca
de 40 minutos e acordou novamente desesperado com o mugido de uma vaca.
Novamente entrou em pânico com a possibilidade de não ser resgatado. Continuava
ouvindo o som de veículos, e como a bateria já havia acabado passou a gritar
por socorro. Novamente buscou a Deus e teve calma e tranquilidade, continuou
cavando, mas até o momento em vão. Pensamentos de morte voltaram a lhe
incomodar achando que poderia ser esquecido e morrer de fome, cede ou por
infecção.
Darciano
ouviu um carro com som alto e pensou ser de amigos que viriam lhe resgatar, mas
o veículo passou por ele e se foi, novamente se desesperou. A partir desse
momento, passou a não acreditar mais que seria resgatado, decidiu pedir perdão
a Deus pois iria morrer, mas quando não havia mais esperanças, ouviu novamente
o carro com o som alto parar no alto da serra.
A
namorada Angélica estava no carro de som e pediu para parar o carro em busca de
sinal telefônico para ligar para os parentes para ver se Darciano havia sido
encontrado. Nesse momento ela fez uma oração pedindo a Deus que mostrasse onde
estava seu namorado, mas ainda não conseguiu encontra-lo, ela não o ouviu
gritar, voltou para o carro e seguiu para Pancas. Aproximadamente 400 metros
depois ela pediu que parasse o carro e voltasse ao lugar onde havia uma cerca
quebrada, aparentemente por animais. Então manobraram o veículo e retornaram e
observaram melhor, conseguindo enfim ver o carro de Darciano capotado.
O
irmão Deivyson e o amigo Fernando desceram ao local sobre os gritos
desesperados de Deivyson que acreditava que ele estava morto. Ouviram então
Darciano pedir socorro e para lhe tirarem dali. E apesar de tentarem, não
conseguiram mover o carro, então o amigo Roberto desceu para ajudar e um rapaz
misterioso puxou o seu braço direito e enfim lhe retirou. Ele estava muito
fraco e esse rapaz que ninguém reconheceu e que nunca mais viu o ajudou a
subir.
Chegando
ao alto, encontrou a namorada Angélica e amiga Juliana e tomou uma garrafa de
600 ml de água, em seguida pediu que ligassem para sua mãe e avisasse que ele
estava bem e seguiram para o hospital. Darciano não quis esperar pela
ambulância, decidiu ir logo ao hospital. Foi levado então e enfim teve os
primeiros socorros e foi encaminhado com urgência para Colatina. Ao chegar em
Colatina, sentia muita sede e tomou muita água, porém não urinava, e quando
enfim urinou, o líquido tinha coloração preta. Ele então foi informado pelo
médico que seu rins não estava funcionando direito e ele só poderia tomar 250
ml de água por dia. Lhe colocaram uma tala no braço, mas não houve resultado, a
equipe médica então decidiu amputar o braço para lhe salvar a vida. Seus
familiares se desesperaram, ele porém ficou tranquilo pois preferia perder o
braço do que a vida. Decidiu assinar a documentação para amputar seu braço, que
segundo os médicos, quanto mais tempo passasse, mais perigoso seria. Informou
sua mãe de sua decisão e teve o braço amputado. Após ainda ficou internado na
UTI por doze dias, fazendo tratamento de hemodiálise. No segundo dia de UTI
brincou com a enfermeira lhe dizendo que sentiria falta de coçar o braço
amputado, ela sorriu e disse que ele era um caso curado.
Darciano
está bem, porém tem problemas com insônia e se lembra pelas madrugadas da
terrível noite que teve. Descobriu também que poderia ter problemas renais por
toda da vida, mas milagrosamente seus rins se recuperaram.
Ainda
após sair da UTI ficou internado por mais 7 dias e chegou a pegar uma infecção
hospitalar tendo que ficar isolado. Ainda não havia se recuperado completamente
dos problemas renais, e chegou a engordar 20 quilos devido a retenção de
líquido do seu corpo. Recebeu apoio dos amigos, familiares e a namorada. Aos
poucos foi sendo curado podendo inclusive dar breves caminhadas.
Darciano
hoje é um jovem recuperado, se tornou mais temente a Deus. Voltou a praticar esportes
sendo campeão de futebol pelo Bairro Nilton Sá, e ainda eleito o segundo melhor
jogador do campeonato. Ele se acha um vencedor e um exemplo por tantos terem o
corpo perfeito, sem as limitações que ele tem, e não terem suas perspectivas
positivas. Não se acha diferente de ninguém, não sofre preconceitos e é muito
querido pela população de Pancas.
Darciano
é um sobrevivente e vencedor.
Darciano em família |
Veículo em que sofreu o acidente, que quase tirou sua vida |
Em mais um jogo com a camisa do União, time tradicional de Pancas |
História muito bacana!
ResponderExcluirisso é triste mais ,ele ficou com a vida.
ResponderExcluirassim como eu também perdi meu braço mas sou muito feliz por ter ficado com a vida.
Esse cara e um exemplo pra todos nois tenho orgulho de ser amigo desse cara e poder conviver com ele quase todos os dias temos orgulho de vc darci pois vc e exemplo de superacao pra todos nos
ResponderExcluirnossas sem palavras������ a sua Historia de vida me da ainda mais coragem de não desistir nunca .
ResponderExcluirAcreditar sempre .
Homem De Deus orgulho em ser seu amigo agora .
e se um dia me convidar a ir jogar ai eu irei em.
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