sexta-feira, 22 de setembro de 2017

INCRÍVEL HISTÓRIA DE SOBREVIVÊNCIA



ADRIANO CIPRESTE
VIRGÍLIO BRAGA


O jornal O Mestre publica a primeira de história de vida de um cidadão de Pancas. A parceria é com o professor, contador e autor de livros Adriano Cipreste, que sempre terá total espaço no site do jornal para publicar histórias de vidas de vários panquenses. A primeira é de Darciano Tiago Mendonça. 

Darciano Tiago Mendonça, nascido em 23 de outubro de 1989 na cidade de Pancas – ES onde mora até hoje. Foi motorista da empresa de asfalto Tamasa engenharia S/A, e jogador amador de futebol pelo clube Associação Atlética União de Pancas. É um rapaz extrovertido de muitos amigos na cidade, namorado da professora Angélica Cristina Lauvers.
No dia 31 de janeiro de 2015, que era um sábado, e ele trabalhou até as 15 horas e após foi convidado para ir ao Clube da cidade e se divertir com amigos. As 17 horas resolveu ir para a casa pois disputaria uma partida de futebol logo em seguida no quadra de esportes. Ocorreu que desistiu da partida de futebol e foi ao bar do Zé Abelar e tomou cervejas com amigos, após decidiu pegar seu carro que estava com a namorada para ir a uma festa na zona rural do município chamado Córrego do Icaraí.
Darciano relata que ao chegar na casa da namorada, desistiu de ir a festa e pegou uma carona para voltar ao bar onde estava, porém no meio do caminho resolveu voltar, pegar o carro e ir para festa. Então voltou a casa da namorada e pegou o veículo por volta das 18h30. Chegando nas proximidades da Fazenda Bela Vista, percebeu que o carro estava na reserva, então diminuiu a velocidade e cogitou retornar, mas em seguida achou que a gasolina daria para ele chegar ao seu destino e então continuou. Aproximadamente quatro quilômetros depois, numa curva, Darciano vencido pelo cansaço cochilou e seu carro perdeu o controle e capotou por uma ribanceira de 40 metros. Desmaiou na hora e não soube dizer quanto tempo ficou inconsciente com exatidão, mas acredita que foi por quase duas horas. Quando acordou se desesperou pensando que estava dentro do carro capotado no meio do asfalto. Chegou acreditar que havia mais alguém com ele, pois o veículo se apoiou sobre seu cotovelo esquerdo e sua mão tocava o seu próprio rosto. Ele acreditou que havia matado alguém e gritava desesperado. Então percebeu que a mão gelada que tocava seu rosto, era sua própria mão. Ele tentou se levantar, puxando o braço preso, mas por mais que tentasse, não conseguia se libertar. Então se desesperou ainda mais, passou a acionar lanterna, buzina e aumentou o volume do som na esperança de que alguém ouvisse ou visse a luz do farol. Gritou por socorro por toda noite sem dormir nem um minuto.
Ele temia que o carro pegasse fogo e ele morresse carbonizado o que aumentou seu desespero. Foi fuzilado por pensamentos de morte enquanto formigas caminhavam sobre seu corpo atraídas pelo sangue. Ele podia ouvir barulhos de veículos a distância, mas perdia as esperanças pois ninguém o ouvia. Então se deu conta de que não estava tão próximo do asfalto como imaginava. Tentou cavar por baixo do braço com a chave do carro na tentativa de se soltar por horas e mais horas. Darciano foi tomado por uma ira crescente e quebrou o para-brisa pegando um caco de vidro para tentar cortar o braço fora. Ele acredita que Deus falou em seu ouvido para parar o corte, que já havia começado. Acredita também ter ouvido que não era para fazer aquilo pois ele estava guardado. Foi o momento que teve calma e recorreu a Deus em oração pedindo misericórdia por sua vida. Darciano relata que a partir do momento que ouviu uma suave voz falando com ele, se acalmou e teve fé de que iria ser resgatado. Se preocupou com sua família e como eles estavam naquelas horas.
Por volta de 8 horas do dia seguinte, um cansaço o venceu e ele adormeceu por cerca de 40 minutos e acordou novamente desesperado com o mugido de uma vaca. Novamente entrou em pânico com a possibilidade de não ser resgatado. Continuava ouvindo o som de veículos, e como a bateria já havia acabado passou a gritar por socorro. Novamente buscou a Deus e teve calma e tranquilidade, continuou cavando, mas até o momento em vão. Pensamentos de morte voltaram a lhe incomodar achando que poderia ser esquecido e morrer de fome, cede ou por infecção.
Darciano ouviu um carro com som alto e pensou ser de amigos que viriam lhe resgatar, mas o veículo passou por ele e se foi, novamente se desesperou. A partir desse momento, passou a não acreditar mais que seria resgatado, decidiu pedir perdão a Deus pois iria morrer, mas quando não havia mais esperanças, ouviu novamente o carro com o som alto parar no alto da serra.
A namorada Angélica estava no carro de som e pediu para parar o carro em busca de sinal telefônico para ligar para os parentes para ver se Darciano havia sido encontrado. Nesse momento ela fez uma oração pedindo a Deus que mostrasse onde estava seu namorado, mas ainda não conseguiu encontra-lo, ela não o ouviu gritar, voltou para o carro e seguiu para Pancas. Aproximadamente 400 metros depois ela pediu que parasse o carro e voltasse ao lugar onde havia uma cerca quebrada, aparentemente por animais. Então manobraram o veículo e retornaram e observaram melhor, conseguindo enfim ver o carro de Darciano capotado.
O irmão Deivyson e o amigo Fernando desceram ao local sobre os gritos desesperados de Deivyson que acreditava que ele estava morto. Ouviram então Darciano pedir socorro e para lhe tirarem dali. E apesar de tentarem, não conseguiram mover o carro, então o amigo Roberto desceu para ajudar e um rapaz misterioso puxou o seu braço direito e enfim lhe retirou. Ele estava muito fraco e esse rapaz que ninguém reconheceu e que nunca mais viu o ajudou a subir.
Chegando ao alto, encontrou a namorada Angélica e amiga Juliana e tomou uma garrafa de 600 ml de água, em seguida pediu que ligassem para sua mãe e avisasse que ele estava bem e seguiram para o hospital. Darciano não quis esperar pela ambulância, decidiu ir logo ao hospital. Foi levado então e enfim teve os primeiros socorros e foi encaminhado com urgência para Colatina. Ao chegar em Colatina, sentia muita sede e tomou muita água, porém não urinava, e quando enfim urinou, o líquido tinha coloração preta. Ele então foi informado pelo médico que seu rins não estava funcionando direito e ele só poderia tomar 250 ml de água por dia. Lhe colocaram uma tala no braço, mas não houve resultado, a equipe médica então decidiu amputar o braço para lhe salvar a vida. Seus familiares se desesperaram, ele porém ficou tranquilo pois preferia perder o braço do que a vida. Decidiu assinar a documentação para amputar seu braço, que segundo os médicos, quanto mais tempo passasse, mais perigoso seria. Informou sua mãe de sua decisão e teve o braço amputado. Após ainda ficou internado na UTI por doze dias, fazendo tratamento de hemodiálise. No segundo dia de UTI brincou com a enfermeira lhe dizendo que sentiria falta de coçar o braço amputado, ela sorriu e disse que ele era um caso curado.
Darciano está bem, porém tem problemas com insônia e se lembra pelas madrugadas da terrível noite que teve. Descobriu também que poderia ter problemas renais por toda da vida, mas milagrosamente seus rins se recuperaram.
Ainda após sair da UTI ficou internado por mais 7 dias e chegou a pegar uma infecção hospitalar tendo que ficar isolado. Ainda não havia se recuperado completamente dos problemas renais, e chegou a engordar 20 quilos devido a retenção de líquido do seu corpo. Recebeu apoio dos amigos, familiares e a namorada. Aos poucos foi sendo curado podendo inclusive dar breves caminhadas.
Darciano hoje é um jovem recuperado, se tornou mais temente a Deus. Voltou a praticar esportes sendo campeão de futebol pelo Bairro Nilton Sá, e ainda eleito o segundo melhor jogador do campeonato. Ele se acha um vencedor e um exemplo por tantos terem o corpo perfeito, sem as limitações que ele tem, e não terem suas perspectivas positivas. Não se acha diferente de ninguém, não sofre preconceitos e é muito querido pela população de Pancas.
Darciano é um sobrevivente e vencedor.
  FOTOS: ACERVO PESSOAL
Darciano em família

Veículo em que sofreu o acidente, que quase tirou sua vida
Em mais um jogo com a camisa do União, time tradicional de Pancas

4 comentários:

  1. isso é triste mais ,ele ficou com a vida.
    assim como eu também perdi meu braço mas sou muito feliz por ter ficado com a vida.

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  2. Esse cara e um exemplo pra todos nois tenho orgulho de ser amigo desse cara e poder conviver com ele quase todos os dias temos orgulho de vc darci pois vc e exemplo de superacao pra todos nos

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  3. nossas sem palavras������ a sua Historia de vida me da ainda mais coragem de não desistir nunca .
    Acreditar sempre .
    Homem De Deus orgulho em ser seu amigo agora .
    e se um dia me convidar a ir jogar ai eu irei em.
    ��������������������������

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